Queres apenas as unhas cravadas nas costas
Os risos profanados em vão no silêncio
As mordidas suaves subindo de leve
O meu corpo preso, as mãos atadas.
Queres apenas obscenidades ao pé do ouvido
Lambidas indecentes nos seus pés nus.
Impera ordens sobre meus movimentos frenéticos
Impõe as suas vontades, nada mais.
Pensei se há
Qualquer coisa que eu queria negar,
Beijo inconveniente que por ventura
Um dia eu venha a recusar.
Dispus sobre a mesa pela manhã
Qualquer mentira capaz de me alimentar,
Uma luz sem brilho que eu queira enfeitar
Apenas para fazer de conta.
Lembrei que há
Razões que venham conter a cessão,
Sorriso íntegro que com sobriedade
Terei prazer em aceitar.
E isso é tudo.
M.Cardoso