Num mundo
rodeado de trevas
Doce, querida escuridão…
Procuro neste imenso
talvez um pouco de amor…
Triste a minha ilusão
procurar conforto para o coração…
triste sentimento navegante
na escuridão da lua permanente…
Não há nada neste mundo
a não ser o absoluto,
nada!
Aqui, procuro
inocência nas trevas
Ouço um bater de coração
procuro mais um engano,
mais peças de frustração…
Caminhando ao som de um rio
Caminho por caminhos de vazio…
Preso nesta minha liberdade
asas de imaginação
Falsa e hedionda razão…
P’ra viver…
Neste mundo,
escuridão absolutamente imortal
trevas imensas sem igual…
Sítio imeso e frio…
Vento de agonia,
imensa conforme monotonia…
Sou fantasma no meio deste imenso
mundo de opaco
Tão puro, tão fraco
tentar resistir é demasiado intenso
Deixei-me levar
nesta prisão.
Não consigo falar
nesta imensa libertação…
Sufoco total
e imparcialmente imparcial…
Mundo de sombras…
Noite incasável,
escondida e impenetrável…
Sítio de sobras…
…do que outrora
terá sido um jovem coração
Destruído,
amargurado, corrompido
pela solidão…
Caído, destroçado em maldição…
Triste e esfaqueado em perdição…
Há memórias neste mundo
pelos menos houve um dia
Memórias de criança que ria
doce criança, doce infância
Nascida para viver
a vida, a agonia
de quem está a morrer
Fantasma deste mundo
Vagueando sem rumo,
sem destino
Neste que foi final imundo
de quem queria ser feliz
Coração de alguém
reino do além
Além da dor,
tristeza, amor
Neste lugar onde
não reina ninguém…
Nesta terra do poeta voador…
Poeta triste escritor…
que um dia aqui se perdeu…
e se deixou ficar…
Neste universo de destroços…
…do coração que foi meu…