Ondas são minhas
eternas linhas
em intervalos
eu entrelinha.
Espaço contado
respiro calado
segundos, tempo
eu desalento.
Longe a canoa
da vida é boa
linha normal
eu animal.
Mar é caminho
peixe sozinho
anzol pra fisgar
saber sufocar.
Mar que afoga
vicia e droga
ódio de cais
nunca mais.
Voltei você viu
sou uma em mil,
mas como transpor
rede e pescador?
Sobrou o coração
batendo na mão
grito, protesto
sou resto.
Uma vida, outra ida e na brisa lenta o vento tenta, venta, inventa...eterna partida.
De cada mil tartarugas marinhas que nascem e chegam ao mar apenas uma consegue voltar ao local do seu nascimento para desova. Essa estatística é triste, mas real. E o pior de tudo é que ao voltar ela depara com obstáculos que, muitas vezes, são fatais. É o caso da tartaruga que inspirou esta poesia. Ela ficou presa na rede do pescador e não sobreviveu.