Ah, e se o meu corpo defunto, partisse hoje,
feliz seria a sua partida, sem remorso algum
nem maldade, no meu coração,
pois que te saberia a meu lado, na hora
de minha passagem.
Gostaria ainda, meu amor, que cobrisses meu
ser inerme e sem reacção, com todas as
pétalas, de nosso jardim, e, que, em minhas
mãos, lá deixasses, a mais branca de todas as
rosas, havidas ou por haver.
Sem pranto nem dor, dar-me-ias o teu mais
belo sorriso, e, baixando-te, até mim, nos
meus lábios selarias, um último beijo, que nem
os vermes, ousarão corromper.
Que tristeza não haveria no teu rosto, pois que
nosso amor é filho de todas as cores, as tidas
e as por nós inventadas, em cada palavra dita
ou por nós sussurrada, quando o silêncio cobria
toda a sala, num respeitoso mutismo.
Que não chorem minha partida; e que cantem
e dancem o jubileu, até que a noite dê lugar
a um novo dia, levando comigo o beijo teu.
Não aceito padres, na minha lápide; nem missas
de sétimo dia; apenas quero estar com os meus,
no regresso a casa, pela mão de minha amada.
Cuja sempre esteve comigo, até já sermos bem
velhinhos: mas, ah, esperarei por ti, com esta
saudade, que já se faz imensa, aguardando
a hora, de tua chegada.
Jorge Humberto
24/08/08