O tempo sobra quando o teu corpo se encosta no meu. A luz ganha asas e quebra em estilhaços a escuridão que a noite esconde. As bocas, sedentas, bebem-se em gotas de mel feito do prazer com que se beijam. As mãos, divagam pelos corpos descobrindo os prazeres que a pele lhes oferece. As vozes calam-se nos murmúrios que apenas o silêncio consegue escutar.
Gemem, vibram as almas em desassossego, absorvendo o prazer de se fundirem num abraço. Dançam, em comunhão perfeita com os corpos, uma música inventada, uma valsa encantada. O ar agita-se ao balançar de corpos possuídos pela luxúria, pelo prazer de serem um do outro, num bailado sensual.
Flui o tempo, o erotismo carrega a atmosfera com a névoa da paixão, e os corpos húmidos absorvem a maresia do sal que lhes escorre pela pele. A cada segundo, solta-se a voz nas gargantas, gemidos de êxtase percorrem a penumbra anunciando a chegada duma outra dimensão, que nos suga e nos transporta pelo portal da loucura até ao clímax do nosso Olimpo.
Ali mesmo acabamos com a noite, fazendo nascer o dia num olhar, num beijo, abandonando os corpos ao cansaço.