Aos mortos
Ó tu, podre que na terra enluta,
Disforme fado no letargo imerso
Da imunda carne a matéria bruta.
Ó tu, resto d'uma modorra, interno
De necrófagos em escôo co'o imundo
endocarpo, ignóbil prazer também?!
Ah, a bicharia, o festim importuno,
Os rins, a vaga, delírio a'lguém.
Qu'importa o patogênico não inútil?!
Se no esterno a dor berra infante,
O intestino o bicho rói, todo fútil;
As mãos, a pele, os olhos errantes.
U'a infecta ferida sempre derradeira,
O úmero falido, o lábio que osculava
Ali em putrefação. - Ó que nojeira.
Restos fecais à alimento aflorava,
C'um exicial fedor à todo vaporoso
De podridão. - Ó destino fatal...
O Coração carcomido. Que horroroso!
Ah! O clangor soa a nota tumbal;
Que baila a turva morte escura?!
- Dance co'o verme ao triste fim...
Em sequaz imerso, e tão enxuta,
O belo vurmo hei a cheirar enfim.
"Amar-te é ter a certeza que morrerei por um propósito;"