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Apenas uma prostituta

 
Sexo com estanhos é pecado mas não para santas,
Elas podem parir mártires e tentar salvar a humanidade,
Conto as estrelas como no filme francês em preto e branco,
Espanque travestis e caminhe depressa, bem vindo a cidade grande.

Vomito antes que percebam
e gordura se acumule na cintura e na face,
Sou modelo contando ossos na passarela das ruas
Glorificando aquele que paga mais caro.
Meu glamour decadente consumido no café de suicidas afeminados,
E personalidades pálidas em decantada atrocidade
Meus amigos morreram de Aids,estou só,
O espelho é o único que resta,o verdadeiro quem sabe...

Mentiras apenas as minhas, mesmo involuntárias como espamos na face,
No bairro decadente de grandes blocos residenciais de pesadas fachadas
E muros pichados como gueto de Varsóvia pós-moderno,
As leis que não existem nos filmes faço aqui para sobreviver,
O que acontece nas palavras de Sade eu torno brincadeiras infantis.

O sol se pôe e não vejo muito através de densa fumaça,
De drogas e poluição enriquecida pelo ódio operário,
Lembrando fotos de familiares distantes abraçados
Empoeirando-se guardados fora dos porta retratos.

Não há surpresas mesmo quando nada se espera de bom e a voz grave da metrópole
Ecoa nos carros atropelando crianças feito ratos,
É tao frio quando niguém se importa,
Um ébrio errante mija na sacada.

Libertados os bandidos,deixem os criminosos dizerem adeus as recentes vítimas ,
É o bravo novo terceiro mundo iluminado pelos mesmo erros de antes ,
Todos caminhamos para o fim no entanto são diferentes estradas,
A minha é a do vício e degradação
Machucada em batom brutalmente marcado,
Ainda não lucrativa ou digna de glória,
somos de tantas raças,credos e a mesma pécima imagem
Dos braços dos marinheiros aos corruptos Empresários em torres vigiadas estendendo seus crimes.


Tudo é melhor depois da primeira dose,
E risadas escondem o rito de bizarro desespero,
Saciando os instintos do desvario descoberto,
A maresia embriagante convida-me para a morte.

A noite não bate na porta e pula a janela do vigésimo andar,
Maquiagem negra traçando olhos cansados,
látex e preservativos usados,
Pernas abertas grotescamente sangram enquanto eu choro,sou apenas uma prostituta
Cobrando por tudo aquilo que supostamente não valho.

Não sou defensor de prostitutas,tampouco moralista religioso.
Sãos muitas as formas de se vender, esta é apenas uma delas.
 
Autor
RaimundoSturaro
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/08/2008 03:11  Atualizado: 22/08/2008 03:11
 Re: Apenas uma prostituta
Querido poeta e amigo! apesar de não comentar sabe q leio todos seus poemas, esse com conotação e com um diferencial o "eu" lirico feminino ficou muito bom, estou tão acostumada a comentar seus poemas introspectivos e góticos que fiquei intimamente satisfeita em ler algo que nada diz em vc se defensor ou moralista e sim apenas uma realidade dessa categoria que muitas vzs faz por não ter opção. Pois bem, esse tbém tem sua peculiaridade de palavras encaixadas onde se deve, para dar entendimento ao leitor. Muito bom amigo! Bjs de luz


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/08/2008 08:11  Atualizado: 22/08/2008 08:11
 Re: Apenas uma prostituta
Tocante o seu olhar para uma realidade dificel.
A maioria fecha os olhos e finge que não existe.
Esquecemos que por detrás duma prostituta está um ser humano.
Mas como disse há outras formas de nos vendermos.

Intenso poema.

Abraço.


Enviado por Tópico
Alberto da fonseca
Publicado: 22/08/2008 10:04  Atualizado: 22/08/2008 10:04
Membro de honra
Usuário desde: 01/12/2007
Localidade: Natural de Sacavém,residente em Les Vans sul da Ardéche França
Mensagens: 7080
 Re: Apenas uma prostituta
É uma realidade que já vem a noite dos tempos.
Os séculos passam e a promiscuidade continua,não acredito que se seja prostituta por prazer, mas por necessidade devido a uma socíedade que passa o tempo o olhar para o umbigo.
Muito forte este texto, parabéns
Abraço amigo
A. da fonseca


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/08/2008 22:22  Atualizado: 22/08/2008 22:22
 Re: Apenas uma prostituta
Meu sombriático favorito,
Poemão, hein?Tua escrita profunda e cruenta está a atrair cada dia mais fãs.Gostei de absolutamente todos os versos do poema.
Bjins, Betha.