Poemas -> Amor : 

Sirena envolta na rede rota ...

 
Visto-me com o corpete da noite, dispo-me da saia do dia.
Rebusco o pueril silêncio no deslumbramento de ser apenas
Alma solta. Sirena envolta na rede rota da poesia.

Faço-a segmento de recta, sílaba aberta, talho sagrado,
do sacro altar dos meus delitos, maiores pecados.
Ser fêmea, mulher. E cantar este Fado. Soltar o grito.

Ser, no epicentro duma enxurrada, cavalo alado, cavaleiro,
cruzado, investido na febrilidade da lava da própria Alma.
Unicórnio plasmado no beiral uivado p’lo sopro quente
de um gelito vento norte. Sopro que fala, enfola memória!
É agora latina vela, é tela. Registo, cadastro, averbamento.

Cansada, encerro a utópica magia, esta que canta e chora,
dentro da caixa – a de Pandora.
Rebusco o silêncio e a sua primordial essência e
sempre o encontro nas coisas simples da Natureza.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Valdevinoxis
Publicado: 31/03/2007 21:52  Atualizado: 31/03/2007 21:52
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Mensagens: 2118
 Re: Sirena envolta na rede rota ...
É como o algodão... não engana! A excelência da tua escrita não deixa nenhuma margem para alguém dizer que não gostou (sou suspeito porque gosto mesmo bastante). É impressionante a cadência poética deste poema prosado.

Valdevinoxis