Aquele velho
Quando chegou, o avô estava lá, de ponta a cabeça fazendo aquela pose difícil do yoga.
Precisava lembrar que era yôga com o ô exatamente assim, fechado.
Não sabia o que o velho aprontaria hoje na cozinha, mas viver eternamente sem comer carne, para um rapaz gaúcho era absurdo, pensou.
Adorava aquele seu avô, ele sempre foi seu herói, antes de tudo, porque era do contra e, tinha personalidade zen, desses que dizem: -levem suas ambições, que eu sigo leve...
Homem digno, criou três filhos muito bem, todos se tornaram homens fortes. Um deles era o seu pai Augusto, grande professor de Física Quântica.
Mas aquele avô? Era um caso à parte.
Tinha sabido pelo médico que o seu tempo estava escasso, era o tal problema antigo, que ninguém ousava tocar, exceto ele; com a doçura de quem é eterno.
Num dia quente de verão lá no sul, Robinho soube do passamento do avô, e lamentou muito não ter estado ao seu lado, para ver o último suspiro sereno que sua avó descreveu tão bem.
Naquela mesma tarde depois do enterro,virou-se para Isabel ,sua amada, e disse:
-Bel, não sei se você será a minha sorte, mas ser for, saiba que o nosso primeiro filho se chamará Pedro!
A morena assentiu chorosa. E Robinho sentiu uma brisa de avô lhe sorrindo, do alto da amendoeira farta.
Naquele dia soube que também seria um homem forte!
Nina Araújo
O poeta Walmar Belarmino assim diz:
“CORAÇÃO DE POETA É TÃO SENSÍVEL,
TÃO SENSÍVEL DE UM JEITO IMENSURÁVEL
QUE CONSEGUE SENTIR O INAUDÍVEL
E BEIJAR COM LEVEZA O INTOCÁVEL
VER UM DEUS EM CADA MISERÁVEL
E CHORAR PELA DOR DE UM OPRIMIDO
MESMO ...