Nesta noite de Lua cheia, deixo partir os sentidos, deixo a alma seguir e abandonar o corpo, como se me despisse de mim. Os tormentos assolam a carne que frágilmente cede e cai sobre o chão húmido, enquanto a força dos sentidos reboca a alma para o infinito. Neste mundo das sombras, sou uma pequena luz, estrela solitária em pleno firmamento, centelha que brilha na escuridão da noite, como faisca que serve de ignição para uma explosão de magia.
Dos dedos imaginários nasce uma bola de fogo azul, como se a água subitamente queimasse a pele, um pequeno globo de mar a fervilhar, soltas-te como a água que se precipita na cascata, e fluis por todo o meu ser diluindo-me em ti. Invades-me com o teu mar azul, fogo ardente em tons de gelo eterno, que sustenta e anima o meu ser, perfumando o ar escuro desta eterna noite, fazendo-me lembrar dos milénios em que não te tive. És elixir da vida, gota mágica que me reanima, me fortalece e sustenta, num ciclo mágico que nos mantém juntos desde os princípios dos tempo.
O corpo não resistiu às emoções, ao tempo, e, colapsou, caindo sobre os joelhos, num grito agonizante que marcou o seu fim. Mas, a alma, soltou-se num salto gigante, agarrando-se a ti, e elevando-se nas asas do teu espírito para atingir o céu da nossa própria eternidade. A calma voltou a tomar conta deste Universo, e todas as coisas se encaixaram nos seus devidos lugares. Regressou o silêncio e eu deixei-me estar abraçado a ti.