Deixa pesar sobremaneira o teu corpo
E entrega tua resistência agora
Que já não tens mais força para a guerra.
Anda, pois é quase passada a hora
E a velha chama clara se encerra
No esperar, sábio e guerreiro, que jaz morto.
Lança da tua boca o último grito
Ao mundo que te parece distante;
Aperta a mão de quem está ao teu lado.
Faça da lembrança, dileta amante
E do sonho perdido, consolado;
Arremessa teus versos ao infinito.
Da dor retira o último sorriso
E joga como semente à boa terra
Para que haja lume no teu rastro.
Sobe até o ponto mais alto da serra
E assiste ao que agora é justo e preciso;
Põe tua bandeira a meio mastro.
E dorme, e dorme, e dorme, e dorme calmo,
Pois só louco amou como tu amaste
E teu canto pela pátria se espalha
Como a grandeza bem-vinda d’um salmo
Que encanta na voz de quem encantaste;
Foge agora! Vá p’ra Maracangalha.
Frederico Salvo.