sentei-me na soleira da porta e esperei que acordasses o relógio do quarto, levantaste-te e calças-te os chinelos que ensonados te conduziram à casa de banho, a escova de dentes estremunhada espreguiçou-se depois do barulho ensurdecedor da porta ter acordado todo o corredor.
está frio, tenho frieiras nos dedos e não sinto o nariz.
ouve-se ao longe o barulho da mota, o rapaz dos jornais atira as notícias em direcção à minha cara, engulo uma morte, uma perseguição policial e uns dez anúncios publicitários, depois entro e roubo-te um pouco de silêncio, não o hás-de querer só para ti.
quando empurramos assim a vida, puxamos o tempo por um cordel atado numa coleira que lhe sai pela cabeça. ó meu amor, longe vai o tempo...
. façam de conta que eu não estive cá .