Erguida no alto da colina,
Dominando o horizonte
Com um olhar de águia
Que procura a presa,
Estava uma mão fechada
Pronta a abater-se sobre a planície,
Pronta a esmagar qualquer atrevimento de glória.
Subjugava com punho de ferro
Levantamento que gritasse
E tentasse subir a colina.
A sede de sangue
Que lhe trepava do pulso aos dedos,
Avisava-a que era novamente hora
De se abater sobre os insurrectos
Que voltavam a trepar a colina...
Ai os indómitos.
A mão caiu sobre eles e saciou-se
Com os corpos comprimidos entre os dedos.
Um dia ninguém a desafiou...
Então, virou-se procurando
E revirou-se sem nada descobrir,
Voltou a virar-se, desesperando
Mas nada viu movimentar-se...
Adormeceu preocupada.
A espera por tal descuido
Premiou os teimosos que subiram a colina
Com a energia de muitos corações.
Quando chegaram ao topo,
A mão acordou ameaçadora
Mas eles tinham naquele dia...
A força dos heróis.
A manápula foi sangrada...
O sangue que antes tinha reclamado
Saciava agora as bocas ávidas
Dos que haviam sido subjugados.
Os reis de agora
Tinham batido a ordem de antes
E a mãozinha que fora regedora
Transformou-se de forma simples
Na mão da turba vencedora.
Valdevinoxis(1993)
A boa convivência não é uma questão de tolerância.