Atitude impõe conseqüência
Preguiça produz inoperância
Estupidez colhe o engano
Boa escolha, um longo ano
Por que, querer o que é do outro, Jacó?
Torpeza no direito alheio
Todo golpe é costumeiro
Ganância é vontade iludida
Boa inveja é tão consumida
Por que querer o que é do outro, Jacóóó ?
Ele havia recebido outra missiva alertando para o fato de que o patrão poderia mesmo retornar naquele dia. Será que estava tudo perdido ? E todos aqueles anos de dedicação ?
Tudo que fez na sua gestão fora lícito no seu entendimento, não foi atropelo e tampouco deixava rastros.
Estava ali para ser o melhor, convinha adquirir a confiança de todos, fazer aliança com os mais fortes, ganhar o terreno baldio (…), ser pouco condescendente com os tíbios e avançar a passos largos, sem olhar para trás, sem olhar para trás…
— Seu Carmelo, a sua secretária deixou este bilhete e foi-se, disse o Expedito.
— Foi-se para onde, ó Catolé ? Eu não mandei que ela saísse, traga-a de volta imediatamente!
— Seu Carmelo, vim lhe dizer que eu não cumpro mais suas ordens. Afinal, ninguém mais tem obrigação de…
— Arreda-te daqui cabeça de palito, vá ,vá, vá…
E assim parecia que ia ser aquele dia, os empregados rebelados e Jacó Carmelo “sem lenço, sem documento”, colhia o que plantara por ser tão canastrão…
— Mas será o Expedito? Vou me embora deste lugar de gente doida!
E assim o fez, sem aguardar o bilhete de demissão, foi viajar para o Caribe.
Ficara rico, por que esperar que a Justiça lhe pusesse as mãos? Todo dinheiro afanado já estava longe e seguro, quem confiou foi quem perdeu… Era agora muito rico, feio, calhorda e inteligente. E nunca se arrependia do dia em que trocou sua inocência tola por “um prato de lentilha como Esaú fez com Jacó”, grande, apressado e mesquinho Jacó, será que um dia a casa cai? E se cair, será que demora?
O poeta Walmar Belarmino assim diz:
“CORAÇÃO DE POETA É TÃO SENSÍVEL,
TÃO SENSÍVEL DE UM JEITO IMENSURÁVEL
QUE CONSEGUE SENTIR O INAUDÍVEL
E BEIJAR COM LEVEZA O INTOCÁVEL
VER UM DEUS EM CADA MISERÁVEL
E CHORAR PELA DOR DE UM OPRIMIDO
MESMO ...