PERDIDOS NO MUNDO
É mais um corpo que tomba,
É mais um coração que pára.
É uma mãe louca que chora,
É um filho que morre em batalha.
É um povo sofrido na rua,
É um formigueiro motorizado.
É gente enfrentando filas morrendo,
E você despachando confortavelmente sentado.
É gente dormindo no frio,
Na porta de um INPS.
Esperando pro dia seguinte,
A vontade dos funcionários.
É mais um barulho que eu ouço,
Na porta de outra entidade.
Deixam um velhinho no sol esperando,
Que falta de humanidade.
Para usufruir seus direitos do Estado,
Qualquer cidadão fica desorientado.
Gasta todas suas economias em taxas,
Sem falar no inferno da papelada.
É um DETRAN que enlouquece,
Em exigência e tanta burocracia.
É todo mundo sendo humilhado,
É mais um taxi que perde o dia.
É um corpo carregando concreto,
É outro, no sol preparando a massa.
São pessoas que você não estende a mão,
Embora lhe deram: piso, teto e morada.
São crianças, que para não roubar trabalham,
Vendendo de carro em carro: frutas e jornais.
Você prova que além de ser digníssimo, é monstro,
Fechando e travando a porta, o vidro e a cara.
É um céu infinito e maravilhoso que cobre a Terra,
Onde há evidentemente pobres e magnatas.
Há casas que têm somente água e muitas vezes amor.
Outras no entanto têm tudo: ouro, alimento e rancor.
Um dia será noite certamente em seus olhos.
Você, então, em espírito vivenciará:
Suas virtudes se transformando em bênçãos,
E sua maldade, em fogo a se transformar.