Juliana,no bico da proa
Seu Marinho se empenhava no ofício que lhe dava tanta alegria.
A canoa era o seu diário ganha-pão e, precisava cuidar do casco, dos remos, dos cestos,das redes,das iscas e da cuia.
Ah,a cuia...essa era uma peça preciosa, um trabalho artesanal,catar o porongo, cortá-lo, desenhar a forma tirando o miolo “cheiroso” até ficar arredondado para tirar o excesso d’água, que adentra a pequena embarcação algumas vezes.
O mais apreciável na canoa de seu Marinho era o diálogo imaginário da garça Juliana com o pescador.
Aquela garça era uma ave especial, combinava bem com esta vida silenciosa de seu Marinho, e era quase sobrenatural o colóquio, quase poema...
Juliana pousava no bico da proa dele para comer um pouco é verdade, mas também para acompanhar as ações do velho marujo, seus pensamentos iam longe, pareciam encontrar a paz que sua amiga Juliana também buscava olhando aquele mar.
Todos lá na praia, a certa hora, viam a grande quantidade de barcos retornando, e de todos eles, a de seu Marinho era sempre a mais aguardada, com a garça na pose imponente encabeçando atenções de crianças e adultos, invariávelmente a voz do pescador era ouvida de forma forte ,neste momento:
-Juliana, não come meu camarão...Juliana não come meu camarão!
Nina Araújo
O poeta Walmar Belarmino assim diz:
“CORAÇÃO DE POETA É TÃO SENSÍVEL,
TÃO SENSÍVEL DE UM JEITO IMENSURÁVEL
QUE CONSEGUE SENTIR O INAUDÍVEL
E BEIJAR COM LEVEZA O INTOCÁVEL
VER UM DEUS EM CADA MISERÁVEL
E CHORAR PELA DOR DE UM OPRIMIDO
MESMO ...