Linda não sabia mais o que fazer para driblar a rejeição da irmã.
Por que com os gatos tinha que ser assim? Se ela tivesse a memória dos homens, saberia que também descontou em Suzie, o fato da outra ter sido castrada depois dela. Não entendia bem o desconforto daquelas dores, a atenção tão especial de dona Maroca, não pelo fato da dona demonstrar seu carinho, mas sim o excesso dele, o que para os gatos é sempre enfadonho…
Suzie rosnava forte e dava aquelas carreiras direto para se esconder no armário, nada de correr juntas na bola, e nem de debruçar na janela ou dormir agarradinha com dona Maroca, que ficava dividida e acabava dormindo sem as duas. Um sofrimento para todas que durou exatamente dez dias.
Mas no domingo a unha de Suzie estava bem melhor, a gatinha já podia ser de novo a serelepe da casa, já tinha derrubado uma cesta de figos verdes e desfiado todos os novelos novos. Enfim, estava de volta a rotina da casa…
Linda olhava desconfiada, mas depois de algum tempo, pegou a bola verde da irmã e saiu correndo pela sala, aquele era um código antigo delas. A outra resolveu dar o troco, orgulhosa que era, não foi acompanhar o lance, e mais uma vez a irmã fez nova investida, e nada acontecia, até que Linda se aproximou de Suzie para cheirá-la e beijá-la e só então esta se rendeu e a acolheu.
Foi uma tarde feliz a daquele domingo, e a noite ia ser muito normal, afinal; é assim que acontece com as gatas sapecas…
Nina Araújo
O poeta Walmar Belarmino assim diz:
“CORAÇÃO DE POETA É TÃO SENSÍVEL,
TÃO SENSÍVEL DE UM JEITO IMENSURÁVEL
QUE CONSEGUE SENTIR O INAUDÍVEL
E BEIJAR COM LEVEZA O INTOCÁVEL
VER UM DEUS EM CADA MISERÁVEL
E CHORAR PELA DOR DE UM OPRIMIDO
MESMO ...