Por mais que queiramos dizer não (1) - ver nota de rodapé - tentamos procurar um sinal, um princípio de tudo, esperando que chegue até nós através dos outros ou das coisas o que queremos sentir.
Muitos negam a competição, mas a competição sempre existiu e existe desde os tempos mais primórdios da nossa civilização.
Competir para melhorar é sadio, competir para ganhar é doentio.
Quantas vezes não gastamos todas nossas energias para que chegue até nós toda a atenção, e ganhando atenção procuramos ganhar ainda mais atenção com a atenção das pessoas que estão no TOP das atenções e quase esquecemos de quem a nós não nos diz nada, pelo seu silêncio.
Haverá um dia certo (o nosso dia), em que essa atenção nunca chegará. E nesse dia haverá um silêncio, sem que seja questionado o porquê da ausência. É esta a farsa deste mundo virtual (e não só), parecendo estar tudo bem quando na realidade algo poderá estar mal, habituando-nos a estar bem com o mal. E o pior ainda é que se lhe dão aparências de educação, cultura e civilização.
E se todos pensassem que o principio das coisas têm que partir dos outros e não de nós? Ninguém jamais conseguiria comunicar, porque estaria eternamente à espera que o outro lado desse o primeiro sinal, só que o outro lado, seguindo este princípio, também pensaria assim e nada no mundo poderia avançar. Quantos amores e amizades não se perdem assim? Apenas bastaria perguntar, quantos sorrisos mais poderiam acontecer?
Talvez percamos tempo demais a esperar, é muito mais fácil receber do que dar, quando deveria ser ao contrário. Os outros e as coisas parecem-nos desiludir quando teimam a chegar tarde, como se essa fosse uma obrigação sempre dependente de uma terceira parte envolvente e não de nós próprios. O que sabemos nós do silêncio dos outros e das coisas? Apenas conhecemos o nosso e só nós sabemos se temos ou não tempo para dar e estar com os outros, nunca saberemos o que fundamenta a ausência do outro lado, mas sabemos sempre da nossa presença.
Lamentamo-nos que a vida é cheia de desencontros, será que já nos encontramos a nós próprias para podermos encontrar alguém?
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um de nós pode começar agora e fazer um novo fim para abrir caminho a um novo princípio.
(1) Quero deixar aqui uma ressalva para as excepções, estaria a ser injusto se não pensasse naqueles que nada têm a ver com este texto, haverá poucos, mas alguns. Eu tenho um principio que defendo: tirando as ciências exactas, nomeadamente a matemática, onde se aplicam várias regras, para mim nas ciências humanas e sociais só existe uma regra que é a regra da «excepção à regra » ou seja todas a regras têm excepção e as excepções confirmam a regra, excepto esta.