Crónicas : 

Elegia á Morte

 
“Já Bocage não sou à cova escura”. O nosso José Maria em tempos idos já fazia odes á morte naqueles tempos muito mais presente do que agora. A preocupação com a morte é algo intrínseco à humanidade. Mas a minha morte, o que vou encontrar do lado de lá, não, isso não me preocupa. Antes, é uma coisa que me fascina. Atravessar o tal túnel de luz… e do outro lado alguém que nos espera e quem será esse alguém? O S. Pedro? Bem, eu com esse apetecia-me logo vociferar pelo péssimo dia que temos hoje – “olha lá, tu perdeste o tino ás estações ou quê? ‘Tás a ficar senil ao fim de 2000 anos?
Ou Será que é Jesus Cristo? Com esse também me apetecia perguntar o que ele estava ali a fazer – “tu não sabes o que se passa em Fátima? Ou aquela cena da bíblia de expulsão dos vendilhões do templo foi só para inglês ver?” (Naquele tempo devia-se dizer “para romano ver). Dir-lhe-ia também ao ouvido: “olha lá, tu sabes que aquele alemão nazi que te representa lá em baixo calça o seu santo pé com sapatos Prada?” Tanta coisa que teria para lhe dizer…
E se fosse Deus? Sim, esse mesmo o “omnipresente”. Isso é que era! Eu esse, acho-o particularmente cómico, de ir às lágrimas… O indivíduo devia ser convidado para o “levanta-te e ri”. Não? Demasiado óbvio? Pronto, vá lá, para os “malucos do riso”. Assim como assim, piada seca por piada seca… Acho que lhe diria para abandonar isso que estava gagá, que agora temos os “gato fedorento” e outros cómicos que tais… Ou então que começasse a variar as suas piadas, começar por exemplo a brincar com a Europa ou os Estados Unidos e a deixar África em paz, que o pessoal de lá, com as barrigas dilatadas já não tem espaço para barrigadas de riso…Já estão lá…Nas tais lágrimas. E aquela dos padres de Boston que brincavam ás escondidas com os meninos do seminário? Muito boa essa piada...
Acho eu que a morte ia ser uma libertação para ter uma conversinha de pé de orelha com algumas personagens sinistras que lá abundam, por exemplo, se encontrasse numa esquina de bordel (sim que também os há lá, senão onde ocupavam a Maria Madalena?) o Santíssimo Cónego Melo? Podia mandar cumprimentos dos 13 (sim, treze) filhos que deixou por cá e que andam á porra e à massa por causa da herança. Ou vá lá, o Cardeal Cerejeira em amena cavaqueira, que abençoou 40 anos de obscurantismo com o beneplácito do “botas” Salazar.
Se morresse ia-me fartar de rir… Tenho certeza. Agora fecho esta reflexão com o nosso Mário de Sá Carneiro que de cómico tinha pouco mas de vez em quando acertava.


Quando eu morrer
Batam em latas e caixotes
Rompam aos saltos e pinotes.
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado á andaluza,
A um morto nada se recusa
E eu quero por força, ir de burro

 
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jaber
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Enviado por Tópico
Bruno Sousa Villar
Publicado: 11/08/2008 20:11  Atualizado: 11/08/2008 20:11
Da casa!
Usuário desde: 09/03/2007
Localidade:
Mensagens: 429
 Re: Elegia á Morte
A morte é,de facto,uma temática da humanidade,redundante mas aqui foi tratada com uma dose de humor refrescante,passe a rima.

Peço-lhe um favor,jaber:corrija a acentuação de "à".

Com respeito leitor,Bruno Sousa Villar


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/08/2008 20:59  Atualizado: 11/08/2008 20:59
 Re: Elegia á Morte
Prosa ácida para alguns, mas que expressa pensamentos e sentimentos do autor diante do "façam o que digo,mas não o que faço".Em outros tempos tu serias queimado pela Inquisição!Embora não comungue com todo o exposto, devo admitir que algumas partes estou de acordo.É um texto para reflexão corajosa.
Bjins, Betha.