Naquele longínquo dia de Abril de 1383, quando a tarde sentia a pulsação dos minutos e o sol recebia a existência de todas as horas com a mesma dignidade: o delicado momento transformou a claridade do dia nas nuvens mais escuras que até então os meus olhos puderam ver e contemplar… A tez do sumptuoso colorido, vindo da singular beleza das flores e do manto verdejante que emanava de todas as ervas existentes, sucumbiu perante a gravidade da melindrosa situação, que nos desafiava aos olhos de dois insolentes cavaleiros desprovidos da nobreza praticada e recomendada por Dom Quixote de La Mancha ou por Dom Geraldo Sem Pavor … Além do assombroso silêncio, apenas a suave brisa, parecia ser a única testemunha de todas as angústias da desavença… E a vida de quatro homens, que o acaso e o destino quis confrontar em duelo, entristeceu para sempre as abastadas lembranças dos anais da Carrascoza.
Os olhos azulados dos bretões fitavam-nos como dois lobos famintos, vindos dos corgos da Serra D`Ossa… Olhei de soslaio a apoquentação do Professor, e vi na sua face a expressão de um homem que enfrenta montanhas, enlevado pela aura de ter a razão nas duas mãos e a seu lado… Um dos dois agigantados cavaleiros apeou dos dois metros do seu corpulento equídeo, empunhando uma excalibur de pelo menos um metro e setenta, e em cada um dos seus movimentos rangia assombrosamente todas as latas que lhe aperreavam o corpo…. Seguindo os conselhos da minha grande experiência em campos de batalha, fixei o inglês contíguo às proximidades da minha guarda, e ripei prontamente o naco de aço que naquele preciso momento defendia a honra da minha dignidade e a continuidade da minha própria vida… Recordo que o tempo parou…
As palavras são os olhos da alma...