dia lético
Por que é assim?
Uma parte de mim procura o céu,
enquanto outra parte me leva ao inferno,
e a um alguém sempre sobram brasas incandescentes,
enquanto outro minha brisa no rosto sente.
Porque o medo? E de quê?
Se não há maior perigo a mim que eu mesmo.
Porque o controle?
Se o controle é imaginário.
Porque não ser logo um descontrolado.
Sou contradição.
Mas opostos se atraem, e também se completam.
Iguais também podem se anular em vez de somar!
E pior ainda, sobrepor.
Se sou presa faz-se predadora, leoa.
Faz-se presa que te caço.
Desperta o meu ser animal irracional.
Abre o jogo, ensina-me a jogar.
Uma vez serias, planos alcançarias,
mas depois da ventania sobraram apenas
folhas sopradas ao chão,
e o que era sol fez-se garoa,
atmosfera fria de uma fração de vida,
que antes de existir veio a ser perdida.
O amanhã ficou vazio. É isso mesmo.
O amanhã não ficará, ficou.
Nem as flores terão mais cor,
nem seu perfume, valor.
Antes de lavrar a pedra e preciso saber
porque a natureza a fez assim...
Não, não entenda! Apenas aceite.
Pedras podem atrapalhar um pouco
a caminhada, mas fazem do caminho muito mais belo.
Caminhos podem ter além de pedras, espinhos.
Assustam?
Podem ser desconhecidos, sinuosos e estreitos,
e resistirem a revelar o que encerram,
mas não aguça a curiosidade? E o desejo!
Insegurança!!!
Tudo se completa para surgir o todo.
E quase sempre o todo, belo, é formado
por insignificantes partículas feias,
Ou não!
Tudo é verdade. Basta crer.
Mas verdade ainda maior,
é que tornou-se
enorme o vazio que ficou
diante da trilha
não percorrida.