Tristes mãos que não alcançam outras,
Lúrido luar, sonhos perdidos como um coração
Que repousa, não palpita às coisas
Como o canto de um cisne ciente
De sua morte e cala-se: lamento,
Pranto que inunda tod’alma.
Na efêmera areia do tempo
Descansa o veneno para toda dor
Que pulsa no sangue, artéria, veia
Com a música de tal morbidez.
E estas tristes mãos que velam
Em um sono profundo e que se ferem
Com espinhos de ilusões
Neste avulso mar da vida,
Sangram, sangram como um vaso
Perdendo toda essência – só mais
Um vaso quebrado cuja alma
Impotente sepulta-se em seu
Crepúsculo...
Anoiteceu... anoiteceu como as rosas
Negras definhando! Anoiteceu em alguém
Quem fui... agora, perdido
Com estas tristes mãos abandonadas.
Vivo ao desencanto
E engano de mim mesmo
Como flores mal-tratadas.
Anoiteceu e este crepúsculo
Que se ascendeu em minh’alma
Não se dilacera! Anoiteceu em alguém
Quem fui.
Um corpo translúcido que corre
Pelos bosques de paixões perdidas
Sob os taciturnos sonhos de alguém
Que foi esquecido.
Davys Sousa
(Caine)