Entrando, a custo, na minha fria e solitária caverna descubro a própria vida a acontecer na minha ausência.
Por mais que me dobre e desdobre aquilo que não posso saber sempre levará a melhor dando o devido sabor e mistério a uma vida que desejo assim. Levo-me a tentar controlar aquilo de que me quero afastar e fracasso vez após vez.
O mais importante de uma vida a acontecer na minha ausência e eu a tentar apanhar o fio á meada, como cão tonto em busca do próprio rabo.
Sentindo a vida a roer-me por dentro desejo morrer por mera curiosidade. Será que conseguia ver o encaixe final das peças que me compunham á data de...? A falta de vontade de agir leva-me a sentir mais, muito mais que aquilo que seria racional e a minha mente não perde a razão cobrando-me o facto a cada passar de página.
Sentimentalão e mentalmente exausto procuro afogar-me em algo novo que me distraia e faça parar o processo.
A confusão reina em mim e tudo parece flutuar sem lugar certo. Como peças de dominó caindo uma após outra, as realidades implodem dentro de mim e, mais uma vez, nada será como antes.
Só consigo entender aquilo que me rodeia quando já lá não estou.
Terei que tentar viver sempre ausente?
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.