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uma escolha dificil...

 


Uma escolha difícil…

Nem há muito tempo um homem corria atrás da sua mulher tinha-lhe fugido o cão e a pobre mulher, assustada tinha partido à procura do seu Mondego, o cão.
O cão era um pastor alemão criado desde muito pequenino, se calhar desde que nasceu, mas ao certo nem sei…Eu sou só a vizinha do lado!
Não costumo entrar na vida das pessoas sem perguntar pelo menos o nome. Eles nem o meu sabem….
Como dizia à pouco o homem, o senhor Amâncio era agricultor, era pacato, barrigudo e gostava da pinga…cabelos castanhos e olhos a condizer tinha um pequeno defeito, falava muito alto, um pouco mais baixo do que a mulher, D. Maria de Afonso Corte Real, nome que lhe fora dado com distinção quando a família de seu pai, D. Afonso Real de Almeida, tinha um pequeno império.
Corria como um desalmado atrás da pobre mulher, esta por sua vez sempre atarefada, nunca se habituou lá muito bem aos costumes da terra. Viviam perto de uma Vila chamava a Cova do Monte, sinceramente não se sabe onde arranjaram este nome…Há lá cada nome em Portugal! E o homem lá desesperado pára um pouco para descansar, faltou o bafo, como um porco senta-te em cima de uma pedra e diz;
-Raio de cão, anda a gente a ensinar o cão a falar, a portar-se como gente, que nem gente o raio de cão foge a sete pés! Até parece que viu um fantasma. – O senhor Amâncio respira fundo para retomar o seu percurso, as pernas pesam. O seu corpo pequeno não parece ter forças, apoia-se sobre um pau e lá se levanta.
Mas de repente lá se lembrou…






- Raio! Porque ando eu atrás do cão e da minha mulher! A minha mulher faz-me falta o cão esse já não sei.
Durante uns minutos hesitou se deveria ou não continuar a sua busca até que se lembrou de algo muito importante.
A D. Amélia ficou de passar lá pela quinta, ia buscar umas batatas, cenouras e algumas pencas e o mais importante era que ela deixasse a garrafinha do costume. Um bom vinho caseiro, mesmo ao gosto do senhor Amâncio, acho que é uma das coisas que ele adora, beber, assim pode sempre falar o que quiser, com quem quiser e onde quiser. A verdade sai-lhe e muitas vezes eu bem ouvia em alto e em bom som, quando algum fornecedor vinha reclamar os pagamentos em atraso;
- Raio! Vocês querem todos que vos paguem, mas eu para vos pagar tenho de vender primeiro!
Enfurecido com ele próprio, entornava mais um copito e até fazia questão de cantar.
- Raio! Com um Raio já nem sei pensar direito…voltem cá noutro dia.
E que remédio o homem lá ia embora sem um tostão no bolso, de mãos e cabeça a abanar, as vezes penso o que pensaram estes homens vão lá para receber e no fundo parecem que tem de ser eles a pagar.







Iolanda Neiva


Iolanda Neiva
(muitas vezes falo só para mim,
e escrevo para que alguém me ouça)

 
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iolanda neiva
 
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