(Homenagem aos professores do meu tempo)
Em bandos como aves sem ninho
e os corações cheios de esperança,
pisávamos o cascalho do caminho
que nos conduzia rumo à criança.
Na ingenuidade das nossas mentes
onde somente o sonho tinha lugar,
muitas saudades na alma presentes
ainda hoje são restos de tanto sonhar!
Uma força indomável em nós morava
numa amálgama de milhares emoções
que num ardente tropel nos encantava
e confundia com dúvidas os corações.
Como pomba branca por rota deserta
desejávamos partir, voando pela vida,
onde a rudeza da pedra tosca e incerta
esperava pelo escultor para ser polida.
Na constante luta muitas vezes insana
corremos riscos de desânimo e fracasso
para atearmos nos espíritos luz e chama
numa têmpera ímpar da dureza do aço.
A vida nos levou por diferentes rotas,
gastando no viver a nossa mocidade,
onde semeámos por várzeas remotas
a semente que brotou com dignidade.
Ao olharmos os tempos já passados
por escalvados e estreitos carreiros,
quantos espinhos na pele enterrados
vivem connosco ainda prisioneiros.
Agora que o tempo o viço nos apagou
paira em nós nova vontade de sonhar
ao revivermos o que a alma guardou
e ao sentirmos a nostalgia do recordar.
Tudo o que demos às almas inocentes,
em nossos netos revivemos agora,
guardando na memória tempos ausentes,
com morada nos corações tempos fora.
jose rafael