Poemas -> Sombrios : 

Diques & Rebites

 
Vivemos no rosto das dúvidas dependurados
em gruas perpetuamente paradas. Sem estradas,
pressentimos moradas antigas desabrigadas
quando o telemóvel não se ilumina com um
toque no ecrã.

Adivinhamos que o ontem não terá força
no amanhã. Que a viagem acabou antes de
sequer começar. A lágrima teima em rolar.
Teima em se perpétuar rolada no alfato.

Dispensamo-la!

Então, tamponamos os dique, cravamos-lhes
rebites, atulhamos a Alma, remendamo-la
com uma agulha feita de erva-cidreira.
À maneira!

Rebobinamos a quente o inocente filme.
Anunciamos o FIM na noite niilista do sangue
anavalhado de esfíngicas, apostólicas dores.

Agora, as horas maniqueístas cobrem-se
de líquenes e os sapos peregrinos entram-nos
p’la boca e devoram-nos os intestinos.

Agora o quartzo das horas embacia-se no
estremecimento do silvar da serpente!
Sem pernas e sem sementes,
descuidamos para sempre o feed-back ao destino.


MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA

 
Autor
Mel de Carvalho
 
Texto
Data
Leituras
948
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.