Depois de chegados os Homens do Condado Portucalense, seguiu-se uma época de consecutivas lutas, contra Castelhanos e Sarracenos, onde tive sempre o cuidado de preservar uma atitude de total transparência. Recordo-me do dia em que as tropas de Dom Afonso II chegaram a estas bandas, e fizeram o acampamento junto à parede da Cerca. Estava um dia solarengo, e a falta de alimentos fez deslocar alguns archeiros para o mato, em busca de caça para saciar a necessidade de alimento que reinava entre as tropas de Sua Majestade.
Esses bravos soldados, tiveram a amabilidade e a gentileza em me convidar a acompanhá-los nessa campanha (devido à longevidade da minha experiência no terreno), e lá partimos com fisgas, afundas, e meia dúzia de arcos municiados com algumas resistentes e bem afiadas flechas de azinho. Seis horas mais tarde, regressámos com caça suficiente para fartar todo o exército e se os temíveis lobos da serra e um astuto e desavergonhado lince (que nos acompanhou sorrateiramente toda a caçada) não nos dificultassem um pouco a missão, vos digo que a caçada era mais avultada em pelo menos mais vinte abetardas e outros quantos leporídeos.
Passadas essas grandes batalhas, a minha fiel memória lembrou o dia em que o Lavrador, Dom Dinis, nos entregou o Foral no já remoto ano de 1302 (MCCCII)... Mas sobre este Histórico acontecimento falarei na minha próxima intercessão...
As palavras são os olhos da alma...