Porque és tu a faúlha incendiária,
a ponta penetrante de um Cometa
projectada no Oceano líquido d'azul a borbulhar,
no virar de cada espumada volta de Mar,
no restolhar de cada ressequida folha
no botão de Dália em cada ano reflorescida,
o Vento pára, consente e se volatiliza.
Ou, voraz, acende a acendalha esquiva
no lume de um olhar atento
de uma intemporal madrugada altiva.
Acendalha viva!
(Do ventre urgente de sermos somente Gente)
Seiva escorrida, se matiza no anil dos dias
e no vermelho quente das horas...
E porque és tu
a agitar-te na avidez do meu corpo
ele sem reserva se abre em cálix, corola
flor e te abarca, te envolve da pele ao dorso...
Jaguar errático e faminto, num abraço,
na brisa e no vento deste Deserto da Vida,
convertido em adensada, frondosa floresta,
revestida nos sons e tons de Primavera florida.
Luminescência, prelúdio de ária encantada...
Que das tuas mão de chuva, escorridas,
gotas de sal e suor – p’los poros exaltados -,
são em nós o elixir do Paraíso adivinhado
nas longitudes demarcadas e no traçado do corpo.
Linhas singelas e finas, esboçadas
pelo esvoaçar de umas asas alongadas ao Infinito ...
(Solta-se na boca, de nós, o grito!)
Manto-corpo ...Tecido palco sagrado de um Mundo
antigo ... (re)conhecido.
E os nossos cabelos fundidos são eles mesmos
ondulados diagramas e diademas
na composição de poemas ...
Porque és tu, apenas tu, a raiz da árvore que me habita...
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