Panorama, oeste paulista.
Cidade ribeirinha de terras arenosas e de dias e noites muito quentes.
E como é possível se entender a partir do próprio nome, um lindo lugar.
De natureza exuberante essa pequena cidade me proporcionou alguns momentos hilários e inesquecíveis. Como observar bandos de araras bem da varanda da minha casa ou tentar ler um livro embaixo de uma jabuticabeira repleta de papagaios beliscando as frutas ainda verdes.
Por cerca de um ano contemplei a paisagem do rio Paraná estampada bem de frente ao meu portão.
Observei o por do sol variando suas tonalidades no transcorrer dos meses e a lua mudando e refletindo sua mágica silhueta nas águas calmas do rio.
Mas nem a admiração que tenho pela natureza e nem a contemplação de tamanha beleza foram capazes de trazer paz para minha alma.
Quando eu olhava a imensidão do rio e meu olhar atingia até a outra margem procurando um repouso para as minhas inquietações eu me certificava da distância que estava de tudo o que me era familiar.
Foi aí então que compreendi todo o significado da palavra “desterro”.
Mesmo tendo nascido nessa região, toda minha bagagem de vida foi adquirida na capital paulista.
Um universo adverso a quase tudo que encontrei por aqui.
Pude refletir e compreender que a alma não encontra a “Paz” somente por que contempla a poética mansidão dos dias tingindo o horizonte.
Meus anseios me conduzem à paz que tanto almejo.
E onde travo as minhas guerras repousa também a minha paz.
Cherry Blossom,abril de 2008