A nudez corre-me nas mãos
no estremecer da caneta,
chegando por todo lado
no branco da minha tela.
Contornos lineares fazem adivinhar
o fogo da carne da tarde quente
deste Verão escaldante.
O corpo refresca no quadro,
de contornos poucos
mas que chegam para as mãos
sentirem toda a sua nudez.
Encarna o amor na ponta dos dedos:
onda branca de espuma firme
(feita de pincel fino)
adivinha a musica que atravessa
a melodia das tintas para o pintor.
Um corpo a outro corpo
se mistura no atelier do retrato
e já não incarna o amor,
apenas os tons rosados,
amarelos e encarnados,
contra um chão da paixão,
onde o olhar gasto se liberta
na respiração de uma cereja
de vermelho vivo perdido no branco.
De novo encarnam lábios beijando
bocas em tão loucos desejos:
feitos de um beijo que não foi pintado.
OS MEUS POEMAS SÃO COMO AS MINHAS TELAS. TANTO ME EXALTO NAS MISTURA DAS CORES QUENTES E FRIAS COMO POR VEZES ME REFUGIO NO PRETO E NO BRANCO (OU MISTURO OS DOIS). TANTO EXPRESSO A REALIDADE COMO O ABSTRACTO E O SONHO; A PAIXÃO E AMOR, COMO A DOR E A REVOLTA…