SUPERNOVA, BREU, VAZIO E CREPÚSCULO
O reino das harpias quer agora
Despojar-nos de uma das últimas luzernas
Que ilumina a nossa pedregosa via sinuosa.
Elas, as harpias, a conduzem
Deliberadamente ao precipício:
A cobrem de chagas malsânicas;
A eivam do célere vírus da letargia altruísta;
A cegam ao lhe lançarem um olhar nepotista;
A enleiam numa insuplantável bruma intangível de hipotermia.
Elas fabricam uma cena:
Fazem com que pensemos que ela sucumbira
Á geleira do quase neunhum desvelo, da desdenha, da desídia!
No entanto, ela não está morta:
As harpias encarceraram-na
No limbo da cintilação anabiósica.
E aí aferrados aos grilhões de mais um sofisma,
Nós achamos que o melhor caminho a tomarmos
É ressuscitá-la como uma das jóias mais valiosas
Do NeoSmithismo.
Ah, mas se atualmente
Vivemos assentados no sólio da Penumbra,
Logo o deixaremos
Para descermos mais fundo
E sermos reis e os únicos soberanos
Do trono e dos reinos
Da Supernova, do Breu, do Vazio, do Crepúsculo!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA