Conto: Espelhos da Alma (Signos da Escuridão)
Signos da Escuridão
CAPÍTULO I: ESPELHOS DA ALMA
Em meus sonhos permaneces dourada ao luar caótico, noites quebradas e desritmadas...
que autofagiam com cores góticas, aves nocturnas, que volteiam e murmurrizam o ar inerte
e sucúbico. Presságio do fim, que voa de dia à mortandade, ao sol da meia-noite, e assola
a ganância dos pequenos homens expostos com seus aspectos libertinos afagando o seu
espírito com divindade de poder.
Mas, a mim me basta ter-te como amada.
Não sei. Porque, parte agora - não como um adeus com a volúpia nocturna estendida
na mão como soído vingante, mas como um vínculo secreto, que agora eu vejo...
Amar-te-ei em face de minha estrela da sorte. Espero, que ela lateje cadente em minha
vida. Tu, por que foges? Repleta pelo mistério, coberta por um forma exótica que infinda
em minha consciência, escorrendo entre meus dedos.
A noite está só afeiçoando a lua. De corpo e flama vejo o deleicho, buscando real
sentido para o pélago da vida, indolente à meia-noite, em figura de su' imagem.
Em sua perfeita forma crucial, enobrecida à mera ultrapassagem do dia quanto da noite,
imersos em dilemas metafísicos, do que se transforma e virá pó.
Ai, foge-me com um parecer de medo ao tudo, que presencia-te a tenda. Sem dizer adeus
ou fazer gestos, que descem em impasses místicos...
Tu vem, a mim, correndo naquele pantonoso terreno, em que se permite permutas em libido,
e terreno fértil, em que alma e carne se confundem, naquele distinto sentimento voraz
escondido na noite. Tu, doce fantasma que marcha como preux à alma dos mortais.
Bebe dos meus lábios sedentos. Meu corpo se sente eufórico, atraído por seu encanto,
e mais uma única flor semi-nua abre-se para outra noite errante.
(In volúpia nocturna)
Parte I: NOITE NO TEMPLO
Caminhavámos rumo a um mosteiro, em que se viam
homens sátiros orando Te Deum, num templo de
pedras caídas. Lá, pouco mais, haviam tais homens
errantes como cães erradios disputando entre si.
Cambiaram-se as quatro faces: silêncio... crime...
fome... medo...
Meus colegas de quarto e eu, escondidos numas
colunas, que circundavam tal lugar, estavamos pensantes
e nosso esqueleto decrépito num sono.
Eis, aqui, que nos cobria como uma nuance pela
inquietude. Dá-se o desmastreio abominoso, o truz da
vida como engodo do fraco, inebriado.
Ali, meio sem jeito de tal acontecer, ausentei-me por
uns segundos: uma vez, que esta vinga de pensamento
tornou-os uma criatura, vis-à-vis dela, eu via um chão
inerte se mover, ente de um vida.
A criatura era bélica com toque de ternura, com asas
da noite... uma criatura fora do normal.
- Seria apenas um delírio? Pois, já estava me caindo
de doses de uma bebida forte e amarga, que antes eu bebera
com amigos.
Só sei, que logo eu estava caído com uma taça quebrada
longe da minha mão.
Logo depois, fui carregado por Daniel, Angelo e Gabriel,
meus amigos de quarto. Eles me deixaram na porta de uma
Igreja, pois foram numa casa de aluguel.
Gabriel, de início da nossa amizade sempre dissera:
- "Este mundo é uma paragem nítida do que realmente
somos e poderemos ser, futuramente".
O que quisera dizer com isto? Eu nunca poderia saber conter
essa verdade. Gabriel, antes fora trancado a si, nunca saira
a bares, casas de aluguéis, missas nem praticara esportes.
Todos o chamavam de o "Anjo Enigmático", por seu nome
e conduta.
- O que é a vida?, sempre se perguntava.
Gabriel tivera signos de um jovem atribulado com seus arcanos
bem escondidos do mundo, antes tivera tentando algo involuntário
contra si, suicidar-se com remédios, mas foram encontrados por
Satanael, seu irmão... Pois, a força do ventos o sopraram com
grande golpe à morte de Eurípedes, seu melhor amigo, ao qual mantinha
grande admiração.
Nunca tivera quedado em silêncio por tanto tempo. Quando viera
morar conosco, tivera indagado pouco.
Todas às vezes, que se relembrara do fato, nadavam-lhes os olhos
em pranto... Adormecendo com olhos febris pela fortuna do amigo,
e a dor, que o sangra com um nédio manto como um sopro nefasto
em seu rosto, que tornara-se pálido à lembrança, velha amiga ainda
que idosa. Respirava, ofegatemente, o velho rapaz com seu lacrimejo
incessante.
Sentia-se como abutres saciando-lhe a carne tão seca...
Pedia piedade, ao espírito, que se pudesse, morreria, ali. As mãos
transpareciam tão frias e tão ásperas. Seu coração amargo e a alma gélida.
Almiscaram-se o corpo e a alma à sorte escuras, desejando-o até
a loucura. Guardando-se em silêncio, não mantinha qualquer contato
com Daniel, Angelo e eu...
Gabriel tivera ainda muitos segredos, ali, mas nunca queria no-los dizer.
Tivera um mavioso semblante do seu ego, estandarte próprio...
Eis que penetra acerbas torturas e as responde...
A vida não o tinha, já que é provida.
A natureza tentava o colocar de qualquer maneira, não se podendo conter.
Gabriel lutava até o fim contra si mesmo, nunca lhe dera a mente pedir
uma mão.
E naquele homem jovial, começou a crescer um mundo, ao qual se sentia
mais traquilo. Mas, esse mundo não lhe pertencia. Por isso, dizemos:
"- O homem é um mundo grande - um círculo de natureza, pai tirano -, e o que
vemos e dizemos que é mundo é apenas uma condição de vida humana.
O homem é o grande mundo e a Terra é o pequeno mundo...
E naquela ocasião, Gabriel era um...
Seu mundo era um mito, uma imaginação forçada à uma imitação, da qual
dependemos.
[CONTINUA...]
Davys Sousa
(Caine)