Pela manhã...
vem o sol dançar nas tuas negras penas...
a brisa do horizonte vem chamar o teu nome
Voa pássaro!
voa!...
Pássaro negro da escuridão
voas...
voas...
mas sozinho...
Não sabes para onde ir
Nada mais fazes senão fugir...
e voas...
O teu destino é incerto
tão longe...
mas tão perto...
Foges de ti próprio...
Tens medo da tua realidade...
e choras!...
Pois voas sozinho
Mergulhado da tua própria sombra...
Preso na gaiola do teu pecado
de onde não consegues sair
Voas de um amaldiçoado destino
que não para de te perseguir...
Voa...
No negro...
para o negro...
Voa...
Voa...
pequeno pássaro
Pássaro és!
Mas tão insignificante
como uma invisível formiga...
Voas por amor...
Consomes o teu próprio coração
Preso numa eterna escuridão
A escuridão da tua própria lágrima...
Voas para longe daquilo que não queres enfrentar...
uma paixão...
Foges da insuportável dor...
Que te faz voar...
e te pode matar
como um tiro de caçador...
Olhos negrod de agonia
Voas, voas, prisioneiro da tua própria monotonia...
E escondeste do destino
do amor...
Foges, e não os queres enfrentar...
e tens medo!...
Pois és cobarde!...
Foge!...
Foge!...
Porque a dor arde!
Foge, para não mais voltar!
Foge, foge, pois a Culpa quer-te matar!
Não és dono das tuas próprias asas...
mas voas...
sem saber sequer, porquê?...
Pássaro negro
Estás preso na tua própria liberdade
a liberdade que te foi dada no dia em que nasceste...
a liberdade de voar...
É só isso que tens
pois é te proibido amar...
No escuro das tuas penas
vê-se a morte!...
O teu último destino...
A tua dor
O teu medo...
De esquecer...
e de morrer...esquecido...
Necrófago!
Comes o que já foi comido...
Destemido!...
Não o és, e sabes!
E voas mais uma vez...
e enquanto voas...
caem-te as penas...
Uma...
a uma...
e assim sem as penas nas tuas
Ficas despido do teu negro
nu....
Sozinho e nu...
Assim crava-se, o frio na tua pele...
E morres!...
no frio da tua da tua solidão...
no teu amor de sonho...
em que amas...
mas nunca serás amado...
E enquanto morre o teu negro
Morre o branco do teu voador coração...
Assim se desfaz a vida...
Do pássaro que voou...
para além do imaginável...
que viu o interminável...
E que se perdeu...
Num simples olhar...
Num beijo que nunca se deu...
Corrompido pelo tempo do interminável...
Morre pássaro!
morre e deixa de escrever!...
Pássaro Negro...
Que pinta o branco...
O Maldito Poeta voador...
Este tipo de poemas escreve-se quando olha-mos para trás e vemos o pouco vazio que percorremos...e depois olha-mos para frente e vemos o vazio que ainda nos falta percorrer, aí percebemos que o vazio que percorremos comparativamente ao que nos falta...é nada mais, nada menos...que Nada!!!