Árvores enegrecidas erguem se na clareira onde perlustrando prossigo atento,
Olhares furtivos de sombras passageiras atravessam a densa escuridão,
O hino dos mortos, o rito dos falecidos em saudade cantada,
Logo se vão e não pertubam meu sossegado isolamento,
Onde seis palmos abaixo repousam tantas lembranças.
Como uma visão de canto dos olhos, uma realidade duvidosa mas pressentida,
Por que justo quem mais amo em aparições avulsas,
oculta a beleza mórbida que atraiçoa a falsa salvação de suposta santidade,
Resguarda-se de minha presença para que implore então por tocar teus lábios,
Ofertar meu sangue, declarar meu amor e quem sabe partilhar sua morada.
Entre a noite e o dia obscurecido pela espiritual neblina de auras devoradas,
Nenhum astro no céu de um só tom desprovido de nuvens,
Na paisagem reconheço cada canto e lápide obscura
É desoladora e vazia vastidão de entorpecimento, esta falta
É saudosa e inglória matéria,aparentemente incorpórea, indo embora, sem que seja devido tempo
Volte, volte para tocar-me! Não ouso exânime desistir,resignado.
Envolvo-me na terra endurecida em pedras miúdas e cinzas,
Ossos recolhidos nos montes onde apodreceram folhas há muito caídas,
Mesmo ela não engole minha frustração e lágrimas não marcam o chão amargo,
Para aceitar quem não vive nem morre todos os dias nesta floresta,
Desejando intensamente provar dos beijos ardorosos e amar novamente aquela que julgam sepultada.