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Cemitério dos prazeres

 
Chamava-se Valentina descrente
Descendente dos emires dos nómadas
por tanto pousar nas esquinas
já não tinha pátria ou condição.
Podia chamar-se Maria
ou outro nome de mulher
chamar-se noite inteira
atirada ao lado de um homem qualquer.

Com congestões de mãos
penetradas no seu silêncio
Com a sua boca desgrenhada a cor
voltada à lua cheia
Escrevia cartas plenas de amor.

E, sabia soltar o canto
do seu abandono
A sombra longa
do seu corpo breve de menina
Perguntava tantas vezes
Sem resposta alguma:
“ Quando for grande vou saber o que é o amor?”

Mas, chamavam-lhe “puta”,
e muitos outros nomes também
Dado aos íntimos arquivos
Tensões
Pressões
de estilizados hábitos,
ou demandas sociais.

Tenho encontrado gente
restos fragmentados
trechos de “bom-tom”
spirials brancos
ou ave-marias
que me perguntam quem é?

Apenas respondo o que sei
“Repousa no cemitério dos prazeres”.


" An ye harm none, do what ye will "

 
Autor
HorrorisCausa
 
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Enviado por Tópico
Bruno Sousa Villar
Publicado: 24/07/2008 22:00  Atualizado: 27/07/2008 21:28
Da casa!
Usuário desde: 09/03/2007
Localidade:
Mensagens: 429
 Re: Cemitério dos prazeres
Bom,muito bom. Escrevi o mesmo por outras palavras
em " o sono justo de uma prostituta de rua".

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/07/2008 22:14  Atualizado: 24/07/2008 22:14
 Re: Cemitério dos prazeres/HorrorisCausa
...

não sei se tens ido à missa, mas lá que tens aqui um magnífico responso para explusar cretinobeatos/as. lá isso tens.

as palavras só aceitam quem as merece, aos restantes toleram-nos. a ti sempre te acolheram, só pode ser por mérito.

beijo.

Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 24/07/2008 23:32  Atualizado: 24/07/2008 23:32
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: Cemitério dos prazeres
Gosto muito da forma, da cor, do peso, do tamanho da tua escrita, onde o conteúdo tem mais alma.





Amora

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/07/2008 07:54  Atualizado: 25/07/2008 07:55
 Re: Cemitério dos prazeres
Horroriscausa desta vez não vou comentar o poema.
Nem sei se alguma vez tive essa aptidão de saber comentar.
Não é de hoje que para mim és uma das melhores escritoras que aqui colaboram.
Tens o dom da palavra sim e este poema tanto se adapta a Marias como a Joaquins, que são castigados pela sociedade repugnante em que vivemos ontem e hoje.
E amanhã também, e assim será haverá sempre alguém a faze-lo.
Por vezes parece paradoxal mas os que se dizem tão instruídos são os primeiros atirar a pedra e a esconder a mão.

Recebe um beijo desta Maria que nada sabe.
ConceiçãoB