Foda-se o Amor.
Fodam-se os Amantes em praças, shopping, automóvel.
Foda-se o compreensível, e o incompreensível.
Foda-se o bem-amado.
Foda-se o mal-amado.
Foda-se o belo, e o feio.
Foda-se o natural, e o desnaturado.
Fodam-se os fatos e as causas.
O Mundo, buraco saturado
De ratos, mentira, crime, culpa: armados.
Fodam-se, porém, calados
Os entendidos e os mal-entendidos.
Fodam-se os "eus" líricos abruptamente corrossivos.
Desculpem meu indesculpavelmente delírio e abnegação.
Eu, que tantas vezes respondivelmente não tenho paciência
Para tomar consciência de mim mesmo.
Eu, que transito neste indesculpavelmente parasitário
De idéias, eu tantas vezes indiscutivelmente vaso quebrado.
Eu que tantas vezes me sufoco.
Eu, que tantas vezes tenho sido grotesco, subtraído,
Absorto, submisso e impotente à vida.
Davys Sousa
(Caine)