Poemas : 

Galapito

 
"Mote"

Num ponto do infinito
Há um planeta azulado…
Enquanto gira de lado,
Visto de longe é bonito…
Diz-se aqui no Galapito
Que há lá um certo animal
Que se faz um maioral
E pensa que sabe tudo…
Como um grande cabeçudo
De renome Universal.

I
Diz o povo aqui da Corte,
Do lugar aonde estou,
Que o ponto p`ra onde vou
É sítio de gente forte…
Vou entrar no Pólo Norte
Para ver se ali medito…
Um prazer que necessito
P`ra gelar o meu sentido,
E passar despercebido
Num ponto do infinito…

II
É ali no pedregulho
Que aqui comparto e vejo…
Onde está um Alentejo
Que descansa sem barulho…
Há quem diga que é orgulho
E quem diga que é um fado,
Que se leva descansado
Nas guerrilhas desse mundo…
E vejo que lá ao fundo
Há um planeta azulado…

III
Confesso, estou curioso
P`ra chegar ali depressa,
Onde dizem que a cabeça
Tem um dom meticuloso…
Viajando o céu viçoso
Avanço no céu estrelado,
Onde tudo é encantado
E onde tudo bate certo…
No azul que fica perto,
Enquanto gira de lado…

IV
Quero ver a cor das serras
Nessas grandes altitudes,
E passar desertos rudes
Que apagam outras terras…
Também quero ver as guerras,
Para ver se eu acredito
No que a Corte me tem dito
E não quero acreditar…
Mas olhando esse lugar,
Visto de longe é bonito…

V
Com a nave desengatada
Vejo algumas claridades…
Talvez sejam as cidades
Da parte mais abastada…
Noto a porção anilada
Durante o soar de um grito…
Que soa como um apito
E zune como um consolo
- Vamos ver esse bajolo…!
Diz-se aqui no Galapito…

VI
A nave sorri em festa
Pelo azul dos oceanos…
Que exibem aos humanos
A frescura que lhes resta…
Dizem que à hora da sesta
Esse anil é divinal,
No austro de Portugal
Onde está uma cicatriz…
Toda a nave aponta e diz,
Que há lá um certo animal…

VII
O Galapito avança mais
Para ver mais à vontade…
E reparo outra verdade
Destapada por sinais…
São fumaças colossais
Vindas lá do corpo astral…
Penso que algo está mal
Nesses tons que não se somem,
E que ficam mal ao Homem
Que se faz um maioral…

VIII
Vejo a Lua olhar p´ra mim,
Como uma Deusa do céu…
Que sorri de corpo ao léu
E a benesse não tem fim…
É ditosa em ser assim
Com um ar sempre amorudo…
Enquanto me quedo mudo
Penso nessa criatura
Que é pomposa na figura
E pensa que sabe tudo…

IX
Lá em baixo oiço trovões
Ou estouros das disputas…
Que são o maná das lutas
E o pesar dos corações…
Entre as muitas criações
De cariz grave e agudo,
Avisto o animal taludo
Entretido nessa esgrima…
Que diviso aqui de cima
Como um grande cabeçudo…

X
Esvaiu-se o meu ensejo
E a querença que trazia…
Esse Homem dá-me azia
Alojada no meu pejo…
Já nem vou ao sul do Tejo
Ver o ente especial…
Desejando-lhe, por sinal,
Sorte para todo o ano…
Por ser um alentejano
De renome universal…

António Prates


As palavras são os olhos da alma...

 
Autor
AntónioPrates
 
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