"Borba"
Neste altar descontraído,
Oiço Borba a respirar...
Como um tal sexto sentido
Na ternura do meu lar...
I
Alentejo és caprichoso
De fato longo e matizado...
És primor do teu passado,
Com isso sou orgulhoso...
Teu encanto é vigoroso,
É cantado e é vivido...
Um prazer que é consentido
No pulsar do pensamento...
Como cor do meu alento
Neste altar descontraído
II
Terras... montes e vinhedos,
E velhinhos olivais...
Está plantada em brandos vais,
Entre os bravos arvoredos...
Estendida entre penedos
Que se vendem por bem estar...
No calor do seu pulsar
Levo a luz do meu consolo...
E no leito do seu colo
Oiço Borba a respirar...
III
Os seus braços são bondade,
E seus olhos de menina...
Diz a História a sua sina
E a fonte identidade...
Seu pensar, meiga saudade
No seu peito enaltecido...
Tem no dorso descaído
A razão do seu império...
Que se enfeita de mistério
Como um tal sexto sentido...
IV
Veste as hortas da ribeira
Num colar alvo e castiço...
Demonstrado no seu viço
E na face mais trigueira...
A viver desta maneira,
Mostra o dom do seu pensar...
Com o vinho a germinar
Pelas veias desta gente...
É como um lindo presente
Na ternura do meu lar...
António Prates
As palavras são os olhos da alma...