Mergulhas em mim em vibrações de mariposas
Que esvoaçam livres de flor em flor
A tua voz é asa que bate para lá do firmamento
Mesmo estando longe
Desaguas em mim como alimento!
Imagino o outro lado da imensidão do rio
E um leito de águas amenas a separar-nos
Mas é como se te sentisse fincado a mim
Os meus olhos brilham em reflexos agitando o ar
Como astro-rei ameno
De um pôr-do-sol faminto da noite e de luar!
Sobrevoo em pensamento o teu corpo
Como paraíso de encantos e fascinação
Sussurras-me bocejos de languidez pura
Fazendo-te presente num abraço que se renova
Em cada doce fechar de olhos
Como se a tua mão se fizesse carícia sobre o meu rosto
Como se a palma das nossas mãos
Sustivessem dedos que se aninham ao vento
Numa elevação colossal para lá da luz
Para lá do tempo!
Respiro-te a nudez e o verbo se materializa
Em subterfúgios da mente
E os nossos risos são sementes que eclodem
São compleições que se expandem
Como estrelas para lá do infinito
Que num eterno retorno morrem e nascem
E é a tua voz e a minha que se confundem
Em ecos aliados de caverna
Fazendo-se vendavais em expansão de génios
Qual uno primordial, metamorfose da vida eterna!