Sob o sol escaldante vão cortadores da cana
assobiando depois do almoço na marmita
se são felizes não sei com essa vida insana
maltratados - labor pesado – e calo que palpita!
Sobem e descem ladeira toda segunda-feira
junta as calças na cintura se a fome insiste
sentado num tronco mete a mão na algibeira
acende cigarro de palha e à fome resiste
Das mãos cheias de calos trazem o pão do regalo
não fosse a escravidão que até hoje persiste
Deus por certo, abençoaria esse trabalho!
Aquele que é rico, fica cada vez mais rico
nesse mundo sempre injusto – bem aqui, atalho!
ser pobre, ser escravo – patrão acha que é mico!