Todas as manhãs
- as árvores podem dizer -
levo o filho que você não me deu
para andar de skate
no Ibirapuera.
Mas o chato é que as manhãs se derretem.
E no final sobra apenas meu rosto.
Meu rosto,
estupidamente pálido e vazio,
multiplicado na indiferença
verde-musgo do lago.
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júlio s., A Mímica do Vento, 1990
Júlio Saraiva