Rio me por fora no vestido
Por dentro na covinha da
gengiva
O teu olhar faz me cócegas
Na bainha do meu vestido
E arrepios na sola do meu sapato
Sinto as tuas mãos brincarem nos meus sonhos
Os meus olhos seguem te os pensamentos
Tens o mar por todo o teu mundo
Eu a terra húmida em cada pedacinho de pele
Quando me abraças, sinto na
cabeça um caleidoscópio tonto
E que me deixa a respiração zonza e o chão
treme
Quando me ouves, sei que sentes, uma caixinha de música no bolso
A tremer e te solta uma vontade gigante de cantar
Um beijo, dois, três,…, cem
– a conta se me perdeu
Ao sentir te morno,
Não sei se nas pernas, no
pescoço,
Ou no teu sexo que se empina só para que o admire
Já sei! Foram
mil, com intervalo aberto de mais infinito
Não vás. Fica para que eu os
posso contar
Para ter a certeza que não deixei de contar nem um só que fosse
Não me digas que gostavas de ficar, de estar, de aparecer
Aparece, fica,
está
Aqui neste intervalo entre a minha covinha do queixo e eu
Quando cá
chegares tenho chá e biscoitos
Um vestido risonho
E uma convinha
acentuada na gengiva
Marisa Miosótis