Eu reviro a manhã num cadáver recente,
Com areia mágica nos olhos adormeci,
Cinzas misturam-se ao ar empoeirado
Circundando minha aura de pesadelo.
Na luz escassa de um dormitório túmulo
Marcas de crucificado no lençol a guisa de profano sudário,
Não espero por milagres em orações mudas.
Eu decepo a esperança com a verdade repreendida
Copulando com as trevas em macabra orgia.
A luz difusa assume vidas perdidas,
Tomando formas e corpos de sensuais rainhas demoníacas,
Acariciando a dor e rindo com minhas lágrimas
Mutilando-me espiritualmente de forma única e precisa.
Eu tenho a marca de prematuro já nascido fraco,
Corrompido ainda assim imortal, pereço de outras formas,
Apodreço de infelicidade casual,livre de culpa
Conservando a aparência lívida de vampiro.
Tristeza abate-se sobre mim, certeira como a noite
e o arrastado transcorrer dos dias,
Em retratos anjos ,em vitrais belas mentiras
Enquanto cuspo sangue na pia de batismo.