A verdade de cada um
Noite de sábado de um mês qualquer onde Dr. José perambulava pelo hospital universitário da cidade de Londrina. Sem vontade de atender um ser que seja, ele caminhava pelos cantos do hospital: ala de queimados, s.a.m.e., auditório e na capela onde parou 15 minutos para o que nunca de fato era de costume fazer, rezar.
- Ei, Jesus. Você e eu! Eu sei que nunca fiz isso, mas casos extremos necessitam de atitudes extremas.
Ao terminar de dizer surge Fátima, uma enfermeira.
- Ta ficando doido Dr.
- Oh! Estou tento um papo com meu amigo aqui
- Não quero atrapalhar! – disse Fátima sentando no banco ao lado do Dr. e, por conseguinte, cruzando as pernas, não tão glamurosa quando Sharon Stone no entanto tinha seu charme.
- Que isso, só precisava levar um papo aqui! – disse o Dr. se sentando ao lado de Fátima.
- O que aconteceu Dr.? – indagou Fátima pousando as mãos sobre a coxa de José. Ele olhou de canto de olho a mão de Fátima.
- Não sei o que anda me acontecendo, estudei tanto na minha vida e ultimamente ando tão ignorante. Não estou com o mesmo entusiasmo de quando me formei, por vezes nem me importo muito com o paciente, estou pior do que uma puta barata.
- Não fale isso Dr., isso é porque tens trabalhado demais, isso acaba com qualquer um.
- Pode ser, mas eu tenho que ficar atento. Não posso deixar que isso passe para os pacientes. Eles confiam em mim e eu tenho que fazer jus disto. Alguns me já me falaram que com outro medico conseguiram resultado melhor, mas esquecem que eu tentei fazer o meu melhor.
- Olhe Dr., eu te conheço bem e sei que o Dr. é muito bom, um dos melhores daqui. Só tem trabalhado demais e isso acaba com qualquer um. E eu sei um jeito bom do Dr. ficar novo em folha. – Disse Fátima, levando a mão para o fim da perna de José.
- Sabes?
E então Fátima ajoelhou entre os bancos, para “rezar”. José ergueu a mão direita aberta para a imagem de Jesus:
- Oh, Jesus! Estou indo para o inferno.
CB
Não Tente