Voltemos à questão da valorização do saber, na Sociedade dos dias de hoje. Tenho como certo que para muitos esta não é uma questão verdadeiramente importante, já que entendem que a dinâmica social se determina pelas posses que indivíduos e famílias detenham. Seria talvez pertinente perguntar porque em relação a este entendimento concordam os extremos do leque político-ideológico, mas deixemos aqui esse repto para outro fórum.
Analisemos antes o eventual antagonismo entre o antigo saber de experiência feito e o conhecimento adquirido em estabelecimentos de ensino. No que respeita a este último, vários formatos podem decorrer na idade adulta, sejam cursos de formação profissional, licenciaturas, pós-graduações, especializações, mestrados, competências, ciclos de estudos, estágios, actualizações, etc.
Sendo que a iniciativa umas vezes parte dos interessados, visando objectivos de carreiras profissionais ou projectos de vida, outras vezes são as próprias empresas empregadoras que promovem tais acções, no sentido de preparar os recursos humanos para os objectivos institucionais.
Processo bem distinto é o que caracteriza a outra forma de conhecimento, que todos nós experimentamos, e que a velha expressão “saber de experiência feito” consagrou. Conhecimento integrador de aprendizagens, sinónimo de cultura, sem o qual ninguém é possuidor da Sabedoria. Essa forma de conhecimento não se desenvolve com metas pré-determinadas, antes cresce ao longo do percurso da vida de cada indivíduo, dependente dos contextos bio-psicológicos, familiares e sociais.
Esse Saber pode ter – estou absolutamente convencido da sua imprescindibilidade – um relevante papel na Família e na Sociedade.
No entanto, é grande a resistência à aceitação da sua importância e ao reconhecimento do seu valor, na Sociedade em geral, e particularmente nas empresas, erroneamente vendo-o como antagónico ao conhecimento técnico-científico, quando na verdade o complementa e humaniza.
José Jorge Frade