Faço-me com o meu próprio silêncio. As palavras escondem-se nas sombras da alma, como se fossem folhas caídas num Outono qualquer. A música recolhe-se em cada instrumento, como se fugisse da pauta. O espírito desvanece-se como fumo de incenso, diluindo no ar a magia que o corpo já não consegue absorver.
Neste instante recolho das lágrimas a tua essência perfumada, como elixir secreto guardado na luz dos meus olhos. Sopro teu rosto sobre a areia do deserto, e da tempestade nasces. Um turbilhão de emoções que ganha ânimo num sonho qualquer. Eu, ofereço-te as asas de anjo, e espero sentir nos teus braços o conforto que me dás.
A areia quente, desliza sobre os meus dedos, na ânsia de se encontrar com o mar dos meus olhos, para juntos se deixarem ficar, saboreando a ausência deste tempo que os espera mais além. Grito o teu nome, sentindo-te escorrer por meu corpo, como água perfumada que absorve os meus sais. Contornas o meu perfil como pincel em tela fresca.
Esta magia, que a cada instante faço acontecer, faz-te voltar a mim, como se nunca houvesses partido, como se simplesmente houvesses ficado, aqui, para sempre.