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KAMIKAZES URBANOS

 
 
KAMIKAZES URBANOS


A

Digressão paradoxa:
Embarque jucundo;
Volta, depressiva, estrada melancólica.

B

Evasão de uma existência vazia
Assoma quando um insidioso combustível
Enseja a tramontana
Onde reside um horizonte de mútiplas e distintas linhas.

C

Não,
Não falo tão-só da tapioca ralada...
Não,
Não falo tão-só da fumaça plebéia...
Não,
Não falo tão-só da volúpia injetada.

D

Em verdade, sobretudo, eu falo
Do líquido em cevada,
Do sósia escocês,
Da maldita manguaça!

E

Quando regressam da viagem,
Inteiramente entregues, de novo, á depressão se acham.
Por isso, quase concomitantemente,
Em um novo trem-bala da mental diáspora embarcam.

F

E quando ela não mais os sacia,
Já é assaz tarde:
Pois os embarca uma outra viagem sombria.

G

Só que esta apresenta somente a passagem de ida,
Porque a depressão,
Esta que se mostra como a ama do masoquismo,
Nunca mais hão de senti-la.

H

Seus corpos imotos e sem vida,
Acabados da existência,
Se comutam no soturno e tétrico troféu-resquício
Da sucessão das viagens destrutivas que se finda!


JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
 
Autor
jessé barbosa de oli
 
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Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 17/07/2008 17:48  Atualizado: 17/07/2008 17:48
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: KAMIKAZES URBANOS
Puxa, espetacular esse texto!
E eu que andei às voltas com um poema de nome "de pileque", dou-me à essa leitura com consciência.

Gostei muito mesmo.



Amora

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/07/2008 19:14  Atualizado: 17/07/2008 19:14
 Re: KAMIKAZES URBANOS P/ Jessé
Contundentes sim, e inquietantes, gostei! São urbano e contemporâneos kamikases no marasmo...