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A jornada sem fim

 

O caminho da minha vida é sinuoso
É longo e estreito
Não tem iluminação e nem placa de sinalização
Os buracos aparecem de repente
E não sei a sua dimensão.
Quando dá, desvio, quando não dá caio neles.

O caminho da minha vida é escuro
Tenho medo às vezes de sair dele.
Quando o Sol aparece,
Consigo ver os rostos das pessoas ao redor
Quando ao Sol se vai, nada vejo.
A escuridão toma conta da minha frente
E somente sinto o resvalar dos braços
E ouço o barulho dos passos.

O caminho de minha vida às vezes tem morros.
Somente os percebo quando estou ofegante,
Pois algumas inclinações são imperceptíveis
Somente sentidas pelo ofegar da respiração.

Algumas vezes paro para descansar
Procuro uma beira ou uma pedra para me sentar
E aí vejo as pessoas que estavam mais lá atrás
Passarem por mim seguindo para seus destinos.
Levanto, sacudo a poeira e continuo caminhando.

Algumas vezes encontro caminhos cruzando com o meu.
Vejo pessoas interessantes passando por mim
Em direção ao seu destino.
Algumas delas me encantam
E experimento mudar o meu curso
Mas logo, algumas milhas à frente,
Percebo que aquele não é o meu caminho.
Aí tenho que retornar todo o trajeto
E retomar o meu destino.

Às vezes encontro pessoas
Vindo em sentido contrário ao meu.
Também me encanto e vou acompanhado-as
Até que percebo que estou retornando e não indo.
Elas seguem o seu destino
E eu tenho que, mais uma vez,
Refazer todo o meu trajeto de volta
Passando por lugares que já havia passado antes.

O caminho da minha vida é melancólico
Tem vezes que percebo que estou sozinho.
Todos se foram, ou estão muito à minha frente,
Ou estão muito atrás de mim.
Nessas horas dá vontade parar e ficar plantado ali,
Esperando alguém passar por mim para acompanhá-lo.

Outras vezes no meu caminho chove.
Nessas horas tenho que me abrigar
Em baixo de alguma árvore ou uma caverna
À beira da estrada para proteger-me da chuva.
Outras vezes vem um vento fortíssimo
Que insiste em jogar-me pra fora do caminho.

Algumas vezes saio do caminho e piso na grama,
Quando não tropeço na beira e caio abismo abaixo,
Tendo, nesse caso, que empreender uma força descomunal
Para retomar a estrada.

Algumas vezes passo por árvores frondosas cheias de frutas.
Paro de caminhar e subo nelas para me alimentar
São momentos bons, mas logo enjôo daquele fruto
E retomo a minha jornada.

O que me impressiona muito nesta jornada
São os caminhos que cruzam pelo meu.
Às vezes vejo pessoas tão felizes, sorridentes,
Famílias bem formadas indo por esses caminhos
E então me pergunto por que estou nesse caminho
E não naquele.

O caminho da minha vida é longo
Às vezes ele segue em linha reta
Nada acontece, nenhuma paisagem nova
Até que em uma curva qualquer
Toda a paisagem muda.

Tem vezes que no meu caminho
Encontro pessoas caídas e trôpegas
Tenho aquele ímpeto da ajudá-las
Dou-lhes meus braços, mãos e ombros
Mas logo elas despendem-se e seguem
Por uma curva em direção aos seus destinos.



Gideon Marinho Gonçalves

 
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Gideon
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