vivo prisioneiro de mim
machuca-me o par de algemas
disfarçado em dois poemas
sem começo meio ou fim
queria gritar não posso
tenho a boca amordaçada
e uma lâmina afiada
encostada em meu pescoço
roendo os ossos das horas
que passam pelo meu nariz
indaga-me uma meretriz:
- "Ah, poeta, por quem choras?"
não respondo e dou de ombros
respiro o escuro da noite
e a cada golpe do açoite
me perco nos meus assombros
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júlio, 16-07-08
Júlio Saraiva