Sentada naquele banco
Na confluência do rio e do mar,
Por entre aquele denso nevoeiro
Em que o orvalho saltimbanco
Impedia o sol de brilhar,
Procurei-te, feiticeiro….
Sob as pontes que cruzam o Douro,
Nos relvados que o ladeiam,
Ou na areia que jaz prateada…
Ali, no abandonado ancoradouro
Onde os barcos descansam
Embalados pela água amansada…
E a bruma, muito lentamente,
Foi, como por encanto, fugindo
Deixando o astro sair do seu torpor
E aquecer-me, suavemente…
E naquele céu azul infindo
Vi-te então reflectido, meu Amor…
Onde estavas? Baixei o meu olhar
E procurei-te, ainda mais perto…
Aproximei-me da margem
E ali, nas águas do rio e do mar,
Que se cobiçam a céu descoberto,
Quis-te como a mais ninguém…